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Os trabalhadores « esquecidos » da EPR Flamanville
Delegado da CGT pelo grande estaleiro em Flamanville, Jack Tord julga « chocante a maneira como se trata do acolhimento dos trabalhadores deslocados ».
Grito de alerta da CGT, que denuncia as condições de acolhimento dos trabalhadores « deslocados ». « Não há dinheiro para eles. Metemo-los de parte e esquecemo-los ».
Em Pieux (Mancha), as 198 cabanas do « Acampamento do grande Largo » são alinhadas a menos de dois metros dentro do mato. Eles albergam os trabalhadores deslocados do estaleiro EPR de Flamanville a 8km. « Eles são 400 a viver aqui sem que ninguém cuide realmente do acolhimento deles », diz, enfurecido Jack Tord, conselheiro confederal da CGT e delegado especial do estaleiro do reactor nuclear EPR. « Esta "base de vida" faz pensar num campo de trabalho ».
Desde há uns meses, « nós reclamamos que estes assalariados, em maioria Romenos (175) e Portugueses (65), não sejam abandonados à sua sorte apenas porque eles deixaram o seu trabalho ». A ira do sindicalista é virolente.
« Que horizonte de vida oferece-se a estes tipos que vêem construir o nosso reactor? Nada. O autocarro transporta-os desde a "base da vida" até ao estaleiro e do estaleiro ao supermercado de Pieux. AÃ, está o único serviço que se é capaz de oferecer-lhes. »
Para os lazeres e fins-de-semana, « eles devem desenrascar-se. Nenhum transporte para levá-los a Cherbourg, nenhuma distracção. A maioria não dispõe de veÃculo e não fala a nossa lÃngua ». Resultado, as relações são por vezes tensas entre estes homens que trabalham na Engenharia Civil. Se não se fizer nada a situação irá degradar-se. Alcoolismo, brigas... Os problemas arriscam a agravar-se.
« Farto da hipocrisia geral »
O que chateia Jack Tord, « é a hipocrisia geral. As medidas de acompanhamento do grande estaleiro não lhes concede nenhum cêntimo de Euro ». Para o sindicalista: « É chocante ver municÃpios já bem equipados, a gastar milhões de euros em novos polidesportivos ou em golfe e não encontrar os meios de oferecer uma vida decente a estes trabalhadores ».
No seu recente relatório sobre o nuclear, a Comissão Económica e Social Regional indica no entanto que « a Associação interempresas é responsável pela organização do acolhimento ». Segundo Jack Tord, « nada disto é feito ». Em comissão local de informação, certos eleitos declaram-se cuidadosos em relação ao tema. « Faz-se afixação, mas por trás não há empenhamento », fustiga o sindicalista. Durante a visita do Presidente Sarkosy a Flamanville, a princÃpio de Fevereiro, foi-lhe exposto o problema. « Eu ainda estou à espera de uma acção concreta ».
Os trabalhadores da EPR finlandesa estão melhor alojados em Olkiluoto? « Não. Encontraram-lhes um campo em quadrado na extremidade do estaleiro sem qualquer serviço nas proximidades ». No nuclear, parece-se estar mais disposto a enriquecer o urânio que as relações humanas.